Escrito por nossa psicóloga, este texto tem por objetivo desvendar o ciúme obsessivo. Uma emoção universal que oscila em intensidade e revela o temor da perda, tocando profundamente nossas inseguranças mais primitivas.
Aqui, exploramos as manifestações do ciúme obsessivo, seus sintomas e sinais, suas causas e o tratamento através da psicanálise para compreensão e cura.
O que é ciúme obsessivo?
O ciúme obsessivo pode ser entendido como uma manifestação extrema do desejo de posse e controle sobre o objeto de amor.
Na psicanálise, o ciúme obsessivo é visto como um afeto que flerta com a ideia de totalidade, onde o sujeito ciumento busca a certeza delirante de possuir completamente o outro e seu desejo.
Esse tipo de ciúme obsessivo pode se disfarçar de zelo ou cuidado amoroso, mas no fundo, corresponde a uma tentativa de negar a falta fundamental inerente ao ser humano.
O ciumento obsessivo não reconhece os limites que definem sua individualidade e projeta no outro, transformado em rival, a culpa pela impossibilidade de possuir totalmente o objeto de amor.
Essa experiência está ligada à identificação decisiva na constituição do sujeito, onde o intruso é visto como alguém a ser eliminado para alcançar a ilusão de completude.
Em resumo, o ciúme obsessivo é marcado pela busca de uma totalidade ilusória e pela projeção da fantasia no outro. É um afeto que engana e atormenta, tanto o sujeito quanto o objeto de seu desejo.
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Quais são os três tipos de ciúmes?
Os três tipos de ciúmes, conforme descritos por Freud, são: ciúme normal, ciúme projetado e ciúme delirante. Cada tipo possui características e mecanismos emocionais distintos, que variam em intensidade.
Ciúme Normal: Esse é o tipo de ciúme que todo mundo conhece. Freud diz que é uma mistura de tristeza e dor por pensar em perder alguém que amamos, sentir-se ferido no orgulho ao pensar que não somos essenciais para a pessoa amada, não gostar da pessoa que pode ser nossa rival e também se criticar.
Esses sentimentos são normais até certo ponto e aparecem quando temos medo de perder alguém importante para nós.
Mesmo sendo normal, esse ciúme vem do nosso inconsciente e é influenciado por coisas que vivemos antes, especialmente aquelas ligadas ao complexo de Édipo.
Esse tipo de ciúme pode causar dor porque está ligado à autocrítica e à ideia de ter um rival.
Ciúme Projetado: Esse acontece quando alguém coloca seus próprios desejos de trair no parceiro sem perceber. Isso alivia a pressão interna desses desejos e faz a pessoa se sentir moralmente justificada, transformando a tentação em suspeita sobre o outro.
A pessoa fica obcecada em encontrar provas de traição que geralmente não existem. O tratamento para quem sente esse tipo de ciúme deve focar nas fantasias e desejos reprimidos da própria pessoa, não em tentar provar ou desmentir a traição do parceiro.
Ciúme Delirante: Esse é o mais intenso e problemático dos três tipos, muitas vezes ligado a desejos homossexuais escondidos.
Quem tem esse tipo de ciúme sente uma necessidade enorme de ficar observando partes íntimas ou decotes dos outros e tem uma obsessão muito forte com a ideia de que o parceiro está traindo.
Freud via esse ciúme como um tipo de paranoia, onde a pessoa interpreta qualquer coisinha como prova de traição. Esse ciúme vem com muita ambivalência e dificuldade para amar de verdade, já que as relações são mais sobre necessidade própria do que sobre afeto genuíno.
O ciúme delirante é uma projeção exagerada dos próprios desejos infiéis e homossexuais da pessoa, fazendo com que as suspeitas aumentem.
Os ciúmes variam em intensidade e causas subjacentes, refletindo diferentes aspectos da psique humana e seus mecanismos de defesa.
Quais são os principais sintomas do ciúme obsessivo?
Os principais sintomas do ciúme obsessivo, baseados no texto fornecido, incluem:
- Desejo extremo de posse e controle sobre o objeto de amor.
- Busca por uma certeza delirante de possuir completamente o outro e seu desejo.
- Disfarce de zelo ou cuidado amoroso, mascarando a verdadeira intenção de controle.
- Tentativa de negar a sua insuficiência.
- Incapacidade de reconhecer os limites que definem a própria individualidade.
- Projeção de culpa no outro.
- Identificação do intruso como alguém a ser eliminado para alcançar uma ilusão de completude.
- Busca por uma totalidade ilusória através da projeção da fantasia no outro.
- Afeto que engana e atormenta tanto o sujeito quanto o objeto de seu desejo.
- Necessidade extrema de controle e posse sobre a pessoa amada.
- Desconfiança constante e infundada em relação à fidelidade do parceiro.
- Vigilância excessiva das atividades e interações do parceiro.
- Interpretação errônea de comportamentos triviais como sinais de infidelidade.
- Acusações frequentes e injustificadas de traição.
- Tentativas de isolar o parceiro de amigos e familiares.
- Comportamento controlador e restritivo em relação à vida social do parceiro.
- Busca incessante por provas de infidelidade, mesmo sem evidências concretas.
- Necessidade de validação constante do amor e lealdade do parceiro.
- Comportamentos invasivos, como checar mensagens, e-mails e redes sociais do parceiro.
- Fantasias de traição e competição com possíveis rivais.
- Agressividade verbal ou física em resposta a situações de ciúmes.
- Dificuldade em confiar no parceiro, mesmo quando há garantias de fidelidade.
- Sensação de estar sendo constantemente ameaçado por terceiros.
- Tentativas de manipular o parceiro emocionalmente para obter controle.
- Preocupação obsessiva com o paradeiro e atividades do parceiro(a).
- Sofrimento intenso e tormento emocional devido aos pensamentos de ciúmes.
O que causa o ciúme obsessivo?
O ciúme obsessivo tem raízes complexas que se vinculam, especialmente na forma como o indivíduo se relaciona com a imagem do outro e consigo mesmo.
Essa dinâmica de identificação projeta no outro uma estranheza que causa desconforto e pode levar à paranoia, uma forma de defesa contra a inquietante estranheza que o sujeito sente dentro de si mesmo. A paranoia transforma o outro em um perseguidor, deslocando o sentimento de estranheza para fora de si.
No contexto dos ciúme obsessivo, essa projeção e introjeção se manifestam como uma tentativa de controlar e compreender o desejo do parceiro.
O ciumento busca capturar os detalhes que fazem o outro desejante, na esperança de alcançar um saber absoluto sobre a cena de desejo do parceiro. Essa busca incessante é alimentada pela impossibilidade de satisfazer plenamente o desejo, situando o ciumento em um caminho contínuo e frustrante.
O ciúme obsessivo, portanto, não se trata apenas de desconfiança ou medo de perder o parceiro(a), mas de uma complexa interação de identificação, projeção e busca pelo controle do desejo alheio.
É uma tentativa de lidar com a própria estranheza interna e a incapacidade de desejar o impossível, levando o sujeito a uma constante vigilância e suspeita.
Como posso saber se meu ciúme é obsessivo?
Para determinar se o ciúme é obsessivo, é fundamental observar alguns indicadores específicos:
Intensidade e Impacto na Vida Cotidiana: O ciúme obsessivo se caracteriza por uma intensidade significativa e abrangente, que pode interferir severamente na vida da pessoa. Isso inclui dificuldades em realizar tarefas diárias e até dificuldade para dormir, compromissos de trabalho, estudos e até mesmo momentos de lazer, devido à preocupação constante com o parceiro e seus movimentos.
Padrão de Controle e Vigilância: A pessoa com ciúme obsessivo tende a adotar comportamentos de controle sobre o parceiro, como monitorar suas atividades, horários e contatos. Há uma constante necessidade de verificar mensagens, questionar intenções e interpretar eventos neutros como sinais de traição ou desinteresse.
Insegurança e Autoestima Fragilizada: O ciúme obsessivo muitas vezes está enraizado em uma profunda insegurança emocional e baixa autoestima. A pessoa pode buscar incessantemente validar seu próprio valor através da constante confirmação do afeto e lealdade do parceiro.
Fantasias e Percepções Distorcidas: Além de comportamentos externos, o ciúme obsessivo é alimentado por fantasias inconscientes que amplificam a sensação de vulnerabilidade e desvalorização pessoal. A pessoa pode interpretar mal eventos e comportamentos do parceiro de maneira negativa e excessivamente crítica.
Impacto na Relação Amorosa: O ciúme obsessivo cria uma dinâmica na qual a pessoa se sente como se estivesse “sequestrada” pelo ciúme, orbitando em torno do parceiro e perdendo a própria identidade e autonomia.
Portanto, identificar o ciúme como obsessivo envolve não apenas observar comportamentos externos, mas também compreender as emoções subjacentes e as fantasias que alimentam esse padrão de comportamento.
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Faça o teste e veja se você pode ter ciúme obsessivo
Este quiz é destinado apenas como um teste informal e não está associado a avaliações psicológicas. É importante ressaltar que este quiz não deve substituir uma avaliação profissional. Pode ser útil como um primeiro passo para identificar a necessidade de consultar um psicólogo ou psicanalista qualificado.
Responda às perguntas abaixo com sinceridade, indicando o quanto cada afirmação se aplica a você, usando a escala de 1 a 5, onde:
1 – Discordo totalmente
2 – Discordo
3 – Neutro
4 – Concordo
5 – Concordo totalmente
Com que frequência você sente que o ciúme afeta negativamente suas relações pessoais?
- ( ) 1 – Discordo totalmente
- ( ) 2 – Discordo
- ( ) 3 – Neutro
- ( ) 4 – Concordo
- ( ) 5 – Concordo totalmente
Você costuma alterar seus planos ou compromissos por causa de suspeitas ou pensamentos relacionados ao ciúme?
- ( ) 1 – Discordo totalmente
- ( ) 2 – Discordo
- ( ) 3 – Neutro
- ( ) 4 – Concordo
- ( ) 5 – Concordo totalmente
Você se sente frequentemente preocupado(a) com o que seu parceiro(a) faz quando não está com você?
- ( ) 1 – Discordo totalmente
- ( ) 2 – Discordo
- ( ) 3 – Neutro
- ( ) 4 – Concordo
- ( ) 5 – Concordo totalmente
O ciúme já interferiu significativamente em seu trabalho, estudos ou atividades de lazer?
- ( ) 1 – Discordo totalmente
- ( ) 2 – Discordo
- ( ) 3 – Neutro
- ( ) 4 – Concordo
- ( ) 5 – Concordo totalmente
Você se pega pensando repetidamente nos movimentos ou interações do seu parceiro(a), tentando descobrir possíveis sinais de traição ou desinteresse?
- ( ) 1 – Discordo totalmente
- ( ) 2 – Discordo
- ( ) 3 – Neutro
- ( ) 4 – Concordo
- ( ) 5 – Concordo totalmente
Você já teve a sensação de que precisa controlar o comportamento ou as atividades do seu parceiro(a) para se sentir seguro(a)?
- ( ) 1 – Discordo totalmente
- ( ) 2 – Discordo
- ( ) 3 – Neutro
- ( ) 4 – Concordo
- ( ) 5 – Concordo totalmente
O ciúme já levou você a confrontar seu parceiro(a) de maneira agressiva ou intensa?
- ( ) 1 – Discordo totalmente
- ( ) 2 – Discordo
- ( ) 3 – Neutro
- ( ) 4 – Concordo
- ( ) 5 – Concordo totalmente
Você se sente frequentemente inseguro(a) sobre o seu valor ou importância na vida do seu parceiro(a)?
- ( ) 1 – Discordo totalmente
- ( ) 2 – Discordo
- ( ) 3 – Neutro
- ( ) 4 – Concordo
- ( ) 5 – Concordo totalmente
Você já se viu envolvido(a) em situações em que se sentiu humilhado(a) ou envergonhado(a) devido a comportamentos ciumentos?
- ( ) 1 – Discordo totalmente
- ( ) 2 – Discordo
- ( ) 3 – Neutro
- ( ) 4 – Concordo
- ( ) 5 – Concordo totalmente
Você se preocupa intensamente com a possibilidade de seu parceiro(a) estar emocionalmente ou fisicamente ligado(a) a outra pessoa?
- ( ) 1 – Discordo totalmente
- ( ) 2 – Discordo
- ( ) 3 – Neutro
- ( ) 4 – Concordo
- ( ) 5 – Concordo totalmente
Interpretação dos resultados:
Some os pontos de todas as suas respostas:
- 10 a 20 pontos: Você parece ter um controle saudável sobre seus sentimentos de ciúme. É normal sentir ciúme em certas situações, mas parece que você consegue administrá-lo bem. Contudo, em todo caso, comece a sua terapia para se sentir mais segura consigo mesmo.
- 21 a 30 pontos: Você pode estar propenso(a) a ter episódios de ciúme que afetam suas relações e sua qualidade de vida. Pode ser útil procurar maneiras de lidar com esses sentimentos de uma maneira mais construtiva. É necessário começar a sua terapia para que o seu ciúmes não se transforme em algo obsessivo, quanto antes você começar a sua terapia, mais cedo você se tornará mais autoconfiante.
- 31 a 40 pontos: Há sinais de que o ciúme está causando um impacto significativo em sua vida diária e em seus relacionamentos. É recomendável considerar buscar ajuda profissional para entender melhor esses sentimentos e aprender estratégias para lidar com eles de maneira saudável. É imprescindível começar a sua terapia para iniciar o seu tratamento contra o ciúme obsessivo. O ciúme obsessivo quando não tratado pode agravar para situações de violência que irão fugir do seu controle. Comece a sua terapia o quanto antes.
Impacto do ciúme obsessivo nos relacionamentos
O ciúme obsessivo pode ter diversos impactos negativos nos relacionamentos, tanto para a pessoa que sente ciúmes quanto para o parceiro. Aqui estão alguns dos principais impactos:
Desgaste emocional: O ciúme constante pode levar a um desgaste emocional significativo para ambas as partes, causando estresse, ansiedade e até depressão.
Perda de confiança: A desconfiança constante pode minar a confiança mútua no relacionamento, levando a um ciclo de comportamentos defensivos e justificativas.
Controle excessivo: O ciúme pode levar a tentativas de controle sobre o parceiro, como verificar constantemente mensagens, redes sociais ou tentar limitar as interações sociais.
Isolamento: O ciúme excessivo pode levar ao isolamento social, onde o parceiro ciumento tenta afastar o parceiro de amigos e familiares para reduzir a chance de infidelidade percebida.
Comportamentos agressivos: Em casos extremos, o ciúme pode desencadear comportamentos agressivos, verbal ou fisicamente, que podem ser prejudiciais ao relacionamento e à segurança emocional dos envolvidos.
Baixa autoestima: A pessoa que sente ciúmes obsessivos muitas vezes experimenta uma baixa autoestima, alimentada pela constante comparação com outros e pela sensação de inadequação.
Prejuízo à comunicação: O ciúme pode dificultar a comunicação aberta e honesta no relacionamento, criando um ambiente de suspeita e defensividade.
Perda de individualidade: O parceiro que é alvo do ciúme pode sentir-se sufocado e incapaz de manter sua individualidade dentro do relacionamento.
Desequilíbrio emocional: Tanto o ciumento quanto o parceiro podem experimentar um desequilíbrio emocional contínuo, devido ao estresse e à tensão constante gerados pelo ciúme.
Deterioração do relacionamento: Em última instância, o ciúme obsessivo pode levar à deterioração do relacionamento, à medida que se torna cada vez mais difícil manter uma conexão saudável e feliz.
Ruptura da intimidade: O ciúme obsessivo pode dificultar a criação e manutenção de uma intimidade emocional genuína entre os parceiros, pois a desconfiança constante pode impedir a abertura e a vulnerabilidade necessárias para um relacionamento íntimo saudável.
Resentimento: O parceiro alvo do ciúme obsessivo pode começar a sentir ressentimento devido à constante vigilância e controle, o que pode minar gradualmente o amor e a conexão emocional no relacionamento.
Impacto na saúde mental: Tanto o ciumento quanto o parceiro podem experimentar impactos negativos na saúde mental, como aumento do estresse, ansiedade e até mesmo depressão, devido à dinâmica tóxica criada pelo ciúme obsessivo.
Percepção distorcida da realidade: A pessoa que experimenta ciúme obsessivo muitas vezes interpreta situações de maneira distorcida, vendo sinais de infidelidade ou traição onde não existem, o que pode levar a conflitos constantes e mal-entendidos.
Ciclo de desconfiança: O ciúme obsessivo pode perpetuar um ciclo de desconfiança mútua, onde cada parceiro começa a duvidar das intenções e ações do outro, o que pode ser extremamente desgastante e difícil de romper.
Efeitos sobre os filhos (se houver): Em relacionamentos onde há filhos, o ciúme obsessivo pode criar um ambiente familiar tenso e instável, afetando negativamente o bem-estar emocional das crianças e adolescentes.
Impacto social: O ciúme obsessivo pode afetar a vida social de ambos os parceiros, levando ao isolamento ou à perda de amizades devido a conflitos decorrentes do comportamento ciumento.
Dificuldade em reconstruir a confiança: Mesmo após a melhoria do ciúme obsessivo, pode ser difícil reconstruir completamente a confiança no relacionamento, pois as cicatrizes emocionais deixadas pelo ciúme podem persistir por um longo tempo.
Esses impactos destacam como o ciúme obsessivo pode influenciar negativamente diversos aspectos de um relacionamento, tornando crucial a busca por ajuda profissional e a abertura para a comunicação honesta e construtiva entre os parceiros.
Leia também: Entendendo e superando a timidez crônica: uma perspectiva psicológica e psicanalítica
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Perguntas frequentes sobre ciúme obsessivo
O ciúme obsessivo é considerado um transtorno mental?
O ciúme obsessivo é considerado algo que precisa ser trabalhado e tratado com acompanhamento psicológico. Ele é caracterizado por uma convicção inabalável de que o parceiro é infiel, sem provas concretas, e pode evoluir para comportamentos violentos e destrutivos. Esse tipo de ciúme, frequentemente baseado em projeções e fantasias não resolvidas, indica um desequilíbrio psíquico que compromete a saúde mental e a qualidade das relações.
É possível tratar o ciúme obsessivo?
O ciúme obsessivo é tratável através de terapia. Este afeto perturbador, frequentemente pode evoluir para a violência, por isso, deve ser tratado o quanto antes. A terapia ajuda a identificar e tratar o ciúme obsessivo, promovendo a compreensão das inseguranças subjacentes e desenvolvendo estratégias para melhorar a autoestima e a segurança emocional, resultando em relações mais saudáveis e menos violentas.
O que devo fazer se meu parceiro tem ciúme obsessivo?
Se seu parceiro tem ciúme obsessivo, é importante incentivar que ele inicie a terapia como condição para continuar o relacionamento. Priorize sua própria segurança e bem-estar, pois o ciúme obsessivo pode levar à violência. Avalie seu caso, considere começar sua própria terapia e afaste-se temporariamente para que ambos possam focar no tratamento. É fundamental dar um tempo para preservar sua saúde física e emocional.
Porque sinto ciúmes excessivo?
O ciúme excessivo surge da complexa interação entre identificação, projeção e controle. Quando alguém se sente estranho consigo mesmo, projeta essa sensação no parceiro, transformando-o em um potencial ameaçador. A paranoia resultante busca controlar o desejo do outro como forma de mitigar a própria insegurança e insatisfação. Esse ciclo de vigilância incessante reflete a dificuldade em lidar com desejos impossíveis de serem completamente realizados, perpetuando um estado de constante desconfiança e suspeita.
Como funciona a cabeça de uma pessoa ciumenta?
Uma pessoa ciumenta funciona de uma maneira complicada porque projeta seus próprios medos e inseguranças no parceiro. Isso acontece porque eles se sentem estranhos consigo mesmos e têm dificuldade em lidar com isso. Para se sentirem mais seguros, tentam controlar o que o parceiro faz e quem ele vê, para evitar perder o relacionamento. Isso cria uma constante preocupação e desconfiança, mesmo que não haja motivos reais para isso.
O que o ciúme doentio pode causar?
O ciúme doentio pode levar a um estado de paranoia, onde a pessoa desenvolve uma desconfiança extrema e irracional em relação ao parceiro ou à pessoa objeto de seu ciúme. Isso pode incluir crenças infundadas de traição, conspiração ou engano, mesmo na ausência de evidências concretas. A paranoia intensifica o ciúme, levando a comportamentos obsessivos, vigilância constante, violência e isolamento social, afetando negativamente tanto o indivíduo ciumento quanto seus relacionamentos interpessoais.
O que Freud diz sobre ciúme?
Freud categoriza ciúme em três tipos distintos: normal, projetado e delirante. O ciúme normal envolve a dor da possível perda do afeto de alguém importante, misturada com autocrítica e rivalidade percebida. O ciúme projetado ocorre quando desejos internos de traição são atribuídos ao parceiro, aliviando pressões internas ao transformar tentações pessoais em suspeitas infundadas. Por outro lado, o ciúme delirante, o mais intenso, reflete uma paranoia exacerbada onde pequenas pistas são interpretadas como provas de infidelidade, frequentemente ligado a desejos reprimidos. Esses tipos de ciúme revelam as complexidades da psique humana e seus mecanismos de defesa.
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A perspectiva psicanalítica sobre o ciúme obsessivo
O ciúme é uma emoção universal e complexa, que pode ser especialmente desconfortável para algumas pessoas. A psicanálise oferece uma perspectiva detalhada sobre o ciúme obsessivo, explorando suas raízes no funcionamento psíquico e na dinâmica do desejo e da relação com o Outro.
Freud e a lógica lacaniana contribuem para entender o ciúme como uma projeção dos próprios desejos no parceiro, numa tentativa de controle que é, em grande parte, ilusória e incompleta.
A experiência do ciúme envolve uma tríade relacional: o indivíduo, o objeto de amor e um terceiro que é visto como um rival. O ciúme surge da possibilidade de que este terceiro possa vivenciar uma relação exclusiva com o objeto de amor, uma relação que o indivíduo acredita ser seu direito exclusivo.
Essa estrutura triangular pode ser aplicada não apenas a pessoas, mas também a objetos, indicando que o ciúme está intrinsecamente ligado a um sentimento de posse e exclusividade.
Dois elementos fundamentais do ciúme são o medo de perder o objeto de amor e o medo narcísico de ser enganado. O primeiro envolve a preocupação de que o amor do objeto seja roubado por um terceiro, enquanto o segundo é o receio de ser humilhado ou enganado.
Ambos os medos contribuem para a natureza desagradável do ciúme, que apesar de tudo, pode conter um elemento de satisfação devido ao sentimento de importância e valor do objeto de amor.
Em casos de ciúme obsessivo, a tentativa de controle e compreensão do desejo do outro pode se tornar detalhada e exigente, refletindo uma negação da própria incapacidade de controlar completamente o desejo do parceiro.
Esse comportamento obsessivo pode ser comparado a condições psicopatológicas como paranoia e erotomania, onde o fechamento simbólico dificulta a compreensão das origens do ciúme.
Assim, a psicanálise revela que o ciúme, embora comum, é uma emoção profundamente enraizada nas dinâmicas do desejo, posse e medo, refletindo aspectos fundamentais da nossa relação com os outros e com nós mesmos.
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Como a terapia psicanalítica pode ajudar no tratamento do ciúme obsessivo?
A terapia psicanalítica oferece intervenções que podem ajudar a desarmar os mecanismos psíquicos que alimentam o ciúme obsessivo. Vamos explorar como essa abordagem pode ser benéfica.
Exploração das raízes inconscientes:
- Ajuda a identificar e trabalhar as dinâmicas inconscientes que alimentam o ciúme obsessivo.
- Permite a exploração de traumas passados, inseguranças profundas e conflitos internos não resolvidos.
Utilização da transferência:
- Permite ao paciente transferir para o analista sentimentos e conflitos que originalmente pertencem a outras figuras de sua vida.
- Ajuda o paciente a ver a falsidade nas suas convicções de ciúme como projeções de seus próprios medos e inseguranças.
Reconhecimento das dinâmicas inconscientes:
- Induz o paciente a reconhecer a falsidade subjacente às suas certezas obsessivas.
- Revela que as provas aparentemente irrefutáveis de traição são, na verdade, manifestações de um amor inconfessável e de um medo profundo de perda e abandono.
Postura de abstinência e neutralidade do analista:
- O analista conduz o paciente para que ele perceba o que é projeção e o que de fato é realidade.
- Ajuda a desmantelar a dualidade transferencial que alimenta o ciúme obsessivo.
Desmontagem das construções paranoicas:
- Desmantela as construções paranoicas do ciúme obsessivo.
- Permite ao paciente descolar-se da fixação paranoica e abrir-se para novas possibilidades em sua vida emocional.
Melhoria da vida emocional:
- Abre caminho para uma vida emocional mais saudável.
- Reduz o domínio das desconfianças destrutivas sobre o paciente.
A psicanálise, portanto, oferece um espaço seguro para o paciente explorar e entender os aspectos profundos e inconscientes de seu ciúme obsessivo, promovendo uma transformação positiva na maneira como ele lida com seus relacionamentos e emoções.
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Referências:
Mallmann, Cleo José. Ciúmes: do normal ao patológico. Estud. psicanal. no.43 Belo Horizonte jul. 2015.
Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre / Associação Psicanalítica de Porto Alegre. – Vol. 1, n. 1 (1990). – Porto Alegre: APPOA, 1990, – Ciúmes.
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