Descubra como a psicanálise pode ajudar no tratamento do Transtorno de Personalidade Borderline. Esse artigo, escrito por nossa psicóloga, tem por objetivo explicar os sintomas, os desafios do diagnóstico e como essa abordagem terapêutica pode oferecer alívio e transformação.
Leia a matéria completa sobre o Transtorno de Personalidade Borderline e descubra como a psicanálise pode melhorar a qualidade de vida e promover a recuperação emocional por meio de um tratamento eficaz desse transtorno.
- O que é transtorno de personalidade borderline
- Quais são as causas do transtorno de personalidade Borderline
- Como o transtorno de personalidade borderline é diagnosticado?
- Perguntas frequentes sobre sintomas do transtorno de personalidade borderline (TPB)
- Quais são os tratamentos mais eficazes para transtorno de personalidade borderline?
- Como posso apoiar um ente querido com transtorno de personalidade borderline?
- Quais são as complicações associadas ao transtorno de personalidade borderline?
- O transtorno de personalidade borderline afeta mais homens ou mulheres?
- Como o transtorno de personalidade borderline afeta os relacionamentos pessoais?
- Perguntas frequentes sobre sintomas do transtorno de personalidade borderline (TPB)
- O que a psicanálise fala sobre transtorno de personalidade borderline
O que é transtorno de personalidade borderline
O Transtorno de Personalidade Borderline é uma condição psicológica complexa que se destaca pela instabilidade emocional, dificuldades nos relacionamentos e comportamentos impulsivos.
A origem do termo Transtorno de Personalidade Borderline remonta ao trabalho do psicanalista Adolph Stern, que observou pacientes adolescentes com características que não se encaixavam claramente nas categorias de neurose ou psicose.
Ele propôs que esses pacientes habitavam uma zona intermediária entre as duas condições, uma “zona cinzenta” que exibia traços de ambas. Essa noção foi posteriormente desenvolvida por Otto Kernberg, que explorou mais a fundo a relação entre essa condição e a agressividade.
Na década de 1960, o conceito de neurose borderline foi formalizado como Transtorno de Personalidade Borderline, reconhecido como uma categoria diagnóstica separada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).
Os sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline incluem ansiedade difusa, instabilidade emocional, impulsividade, angústia de separação, dilemas com a identidade, clivagem entre bom e mau, dificuldades relacionadas ao narcisismo, agressividade, impulsividade e pensamentos suicidas. Os sintomas Borderline podem ser observados no dia a dia e na literatura que aborda o tema.
Uma característica fundamental dos sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline é a sensação de incompletude, causada por um ambiente de infância inadequado para o desenvolvimento emocional saudável.
Assim, o ambiente desempenha um papel crucial na formação e no tratamento dos sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline, pois promove a relação interpessoal necessária para o desenvolvimento do paciente.

Quais são os principais características – sintomas do transtorno de personalidade Borderline
Aqui estão algumas das principais características do Transtorno de Personalidade Borderline:
Dificuldade em se separar de outras pessoas: Ter medo de ficar sozinhas e fazer de tudo para evitar ser abandonadas.
Problemas em formar uma identidade própria: não sabendo claramente quem são ou o que querem na vida.
Ver as coisas em extremos: como pensar que algo ou alguém é totalmente bom ou totalmente ruim
Focar muito nas próprias necessidades: podem parecer egoístas.
Medo Intenso de Abandono: A pessoa sente um medo constante de ser abandonada, que pode ser desencadeado tanto por situações reais quanto imaginárias. Isso gera uma sensação de iminente abandono.
Instabilidade Emocional: Há uma oscilação entre idealização e desilusão, onde as expectativas elevadas rapidamente se transformam em frustração e raiva quando não são atendidas.
Instabilidade na Autoimagem: A pessoa pode alternar entre sentir-se superior e inferior aos outros, sem uma visão estável de si mesma.
Impulsividade: Manifesta-se em comportamentos autodestrutivos, como autoagressão, automutilação (cutting) e adoção de comportamentos de risco.
Tentativas de Suicídio: Há uma alta incidência de tentativas de suicídio ou comportamentos suicidas.
Sentimento Crônico de Vazio: A sensação persistente de que algo está sempre faltando, levando a pessoa a buscar constantemente novas experiências ou conflitos.
Ideação Paranoide Transitória: Em momentos de estresse, a pessoa pode ter pensamentos paranoicos, acreditando que os outros estão conspirando contra ela.
Dificuldade em Controlar a Raiva: Explosões de raiva desproporcionais ao contexto são comuns.
Essas características são observáveis tanto na prática clínica quanto na literatura. Os pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline necessitam de um longo período de análise, exigindo do psicanalista experiência, paciência e a capacidade de se envolver em um espaço intersubjetivo onde a subjetividade do paciente é trabalhada em relação à subjetividade do analista.
Borderline Sintomas: uma pessoa com transtorno de personalidade Borderline
De acordo com o DSM-V, aqui está uma lista simplificada dos sintomas de uma pessoa com transtorno de personalidade borderline:
- Medo de abandono: Preocupação constante com a possibilidade de ser deixado por outros.
- Relacionamentos instáveis: Relações que oscilam rapidamente entre a idealização excessiva e a desvalorização.
- Autoimagem distorcida: Uma visão de si mesmo que muda frequentemente e é profundamente instável.
- Impulsividade: Ações impulsivas em áreas como gastos financeiros, sexualidade, uso de substâncias, entre outras.
- Comportamento autodestrutivo: Tendência a se envolver em comportamento suicida ou automutilação.
- Instabilidade emocional: Mudanças rápidas e intensas no humor, como irritabilidade ou ansiedade.
- Sentimento de vazio: Uma sensação persistente de vazio interior.
- Raiva intensa: Dificuldade em controlar a raiva, que pode resultar em explosões ou conflitos físicos.
- Paranoia ou dissociação: Experiências ocasionais de paranoia ou sintomas dissociativos, especialmente sob estresse.
Os sintomas do transtorno de personalidade borderline podem variar em intensidade e manifestação e são melhor avaliados por um psicólogo, psiquiatra ou psicanalista para um diagnóstico e tratamento adequados.
Quais são as causas do transtorno de personalidade Borderline
As causas do Transtorno de Personalidade Borderline de acordo com a psicanálise, parecem estar enraizadas na instabilidade emocional e na impulsividade que pode começar já na adolescência.
Essa instabilidade é evidente nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e nos afetos da pessoa. A Psicanálise sugere que essa instabilidade pode ser uma tentativa de dar sentido à experiência do indivíduo, buscando compreensão onde falta lógica e oferecendo esperança.
É importante considerar cada paciente com Transtorno de Personalidade Borderline como um indivíduo único, com suas próprias experiências e necessidades.
Isso é crucial porque, embora possa haver características comuns entre pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline, cada pessoa é diferente e merece uma abordagem personalizada.
Além disso, uma das características que causam o Transtorno de Personalidade Borderline está associado ao vazio, medo de abandono e a busca por um objeto protetor.
O indivíduo com Transtorno de Personalidade Borderline pode se sentir enfraquecido pelo medo de ficar sozinho e pode exigir atenção exclusiva e proteção constante em um relacionamento para aliviar sua solidão e vazio interno.
Esse desejo intenso por segurança pode levar a comportamentos que testam a presença e a dedicação do outro, muitas vezes até o ponto de exaustão.
Em resumo, as causas do Transtorno de Personalidade Borderline podem incluir uma combinação de fatores emocionais, como a necessidade de estabilidade em relacionamentos e o medo de abandono, bem como fatores psicológicos, como depressão.
É importante notar que essas causas não são exclusivas do Transtorno de Personalidade Borderline e podem ser observadas em outros indivíduos em menor grau.
Como o transtorno de personalidade borderline é diagnosticado?
O diagnóstico do transtorno de personalidade borderline (TPB) envolve a identificação de uma série de características e comportamentos específicos que são comuns nesses pacientes. Essas características incluem:
- Angústia de separação: Um medo profundo de abandono, que leva a esforços intensos para evitar ser deixado, seja o abandono real ou imaginário.
- Dilema com a identidade: Uma luta contínua com a própria identidade e a incapacidade de manter uma autoimagem consistente.
- Clivagem: A divisão do mundo em ‘bom’ ou ‘mau’, sem espaço para ambiguidade ou complexidade.
- Narcisismo: Uma necessidade de ser o foco da atenção e dificuldade em reconhecer as necessidades dos outros.
- Agressividade e impulsividade: Comportamentos agressivos e impulsivos que podem levar a conflitos e discussões.
- Suicídio e automutilação: Ameaças ou atos frequentes de automutilação e suicídio como uma forma de lidar com o desespero e a falta de controle.
O diagnóstico do transtorno de personalidade borderline (TPB) é feito por profissionais de saúde mental através da observação desses padrões de comportamento e da história clínica do paciente.
É importante que o diagnóstico do transtorno de personalidade borderline (TPB) e o tratamento sejam conduzidos por um profissional qualificado, dada a complexidade do TPB.
Veja Também:
Perguntas frequentes sobre sintomas do transtorno de personalidade borderline (TPB)
Quais são os tratamentos mais eficazes para transtorno de personalidade borderline?
O tratamento para o transtorno de personalidade borderline envolve terapia psicanalítica como abordagem principal. Em casos graves, pode ser necessário o acompanhamento medicamentoso com um psiquiatra para controlar sintomas específicos. O suporte social e familiar também são fundamentais no processo de tratamento.
Como posso apoiar um ente querido com transtorno de personalidade borderline?
Apoiar um ente querido com transtorno de personalidade borderline requer empatia e compreensão. Ofereça um ambiente seguro, ouça sem julgar e encoraje o tratamento psicoterapêutico com um psicanalista. Aprenda sobre a condição para melhor apoiar e estabelecer limites saudáveis, mantendo uma comunicação aberta e consistente.
Quais são as complicações associadas ao transtorno de personalidade borderline?
As complicações associadas ao transtorno de personalidade borderline incluem instabilidade emocional intensa, dificuldade em estabelecer relações saudáveis, impulsividade, comportamentos autodestrutivos (como automutilação), sentimentos crônicos de vazio, distorções na autoimagem e medo intenso de abandono. Esses sintomas podem causar sofrimento significativo e interferir nas áreas pessoal, social e profissional da vida do indivíduo.
O transtorno de personalidade borderline afeta mais homens ou mulheres?
Embora o transtorno de personalidade borderline afete uma parcela significativa da população em geral e dos pacientes psiquiátricos, observa-se uma prevalência maior em mulheres, representando até 70% dos casos. No entanto, é importante ressaltar que tanto homens quanto mulheres podem ser afetados por esse transtorno.
Como o transtorno de personalidade borderline afeta os relacionamentos pessoais?
O transtorno de personalidade borderline afeta os relacionamentos pessoais de várias maneiras. Pessoas com esse transtorno frequentemente têm dificuldade em manter limites saudáveis entre si e os outros, o que pode levar a relacionamentos turbulentos e instáveis. Comportamentos impulsivos, como gastar excessivamente, abuso de substâncias ou relações sexuais impulsivas, podem prejudicar a confiança e a estabilidade dos relacionamentos. Além disso, as intensas oscilações de humor características do transtorno podem causar conflitos frequentes e desgaste emocional nas relações interpessoais.
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O que a psicanálise fala sobre transtorno de personalidade borderline
A psicanálise, particularmente a teoria lacaniana, aborda o transtorno de personalidade borderline (TPB) através da compreensão da relação do sujeito com a falta.
Imagine que todos nós temos um “buraco” emocional que tentamos preencher durante a vida. A psicanálise, especialmente a teoria de Lacan, sugere que pessoas com transtorno de personalidade borderline sentem esse “buraco” de forma mais intensa e constante.
No caso do transtorno de personalidade borderline, esse vazio é muito profundo. Pessoas com esse transtorno muitas vezes sentem que estão à beira de um precipício emocional, sem nada para se segurar. Elas buscam amor e atenção de uma maneira que nunca parece ser suficiente.
No transtorno de personalidade borderline, o sujeito experimenta uma demanda de amor que vai além da satisfação das necessidades básicas.
Desde a infância, a criança precisa de um reconhecimento que vai além do atendimento de suas necessidades físicas; ela busca um amor que não pode ser completamente satisfeito por objetos substitutos, pois o amor verdadeiro é em si uma falta.
A imaturidade inerente ao ser humano no nascimento e a dependência de uma relação de onipotência com a mãe (pessoas que exercem a função matera) são cruciais para a formação do desejo.
A intrusão da sexualidade precoce e a percepção do desejo sexual da mãe introduzem uma complexidade adicional na estruturação do desejo da criança.
O transtorno de personalidade borderline é caracterizado por uma sensação de vazio existencial, que Lacan descreve como diferente do vazio sentido por sujeitos neuróticos.
Enquanto o neurótico ainda tem esperança e um horizonte simbólico para se agarrar, o sujeito borderline se encontra à beira de um abismo, sem outra margem para alcançar. Eles estão sobre um “borde real”, mas sem o suporte simbólico que um sujeito neurótico possui.
Em resumo, a psicanálise lacaniana vê o transtorno de personalidade borderline como uma manifestação da falta fundamental que é central para a subjetividade humana.

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Tratamento para transtorno de personalidade borderline com psicanálise
Os benefícios do tratamento do transtorno de personalidade borderline (TPB) com psicanálise envolve um processo terapêutico delicado e profundo, que busca construir uma borda ao redor do vazio existencial sentido pelo paciente.
No início da terapia, o foco é fornecer um apoio que permita ao paciente regredir a um estado mais primitivo de existência, onde ele possa começar a se constituir como sujeito.
Isso é feito através da discussão de questões fundamentais como a angústia de separação, a identidade, o ideal do ego e a clivagem. O objetivo é ajudar o paciente a construir uma subjetividade que ainda não está plenamente formada.
Durante a análise, o psicanalista trabalha com o paciente para encontrar um ponto de desejo, um lugar onde ele possa se deter e sentir a falta, que é essencial para o desenvolvimento do desejo.
O desafio clínico com pacientes borderline é o medo de serem invadidos pelas ideias dos outros, o que é vivenciado dramaticamente como uma ameaça à sua emergente subjetividade.
A terapia psicanalítica visa proteger esse espaço delicado, permitindo que o paciente se constitua sem a invasão ou influência esmagadora das opiniões dos outros.
Ao final da terapia, o paciente pode reconhecer que foram as metáforas e o trabalho simbólico que o ajudaram a reconstruir seu senso de self.
O “vazio de existência” sentido pelo paciente borderline é distinto do vazio que um sujeito neurótico pode experimentar, pois o neurótico ainda tem esperança e um horizonte simbólico ao qual se agarrar, enquanto o paciente borderline se encontra à beira de um abismo sem outra margem à vista.
Em resumo, o tratamento psicanalítico para transtorno de personalidade borderline é um processo de reconstrução simbólica, onde o psicanalista e o paciente trabalham juntos para criar uma estrutura estável de subjetividade e desejo, permitindo que o paciente encontre um caminho para fora do vazio e para uma existência mais plena e significativa.
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Referências:
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Matioli, Matheus Rozário; RovaniI, Érica Aparecida; Noce, Mariana Araújo. O transtorno de personalidade borderline a partir da visão de psicólogas com formação em Psicanálise. Saúde Transform. Soc. vol.5 no.1 Florianopolis 2014.
Hoffmann, Christian e Costa, Rosana Alves. Alguns casos, nem neuróticos, nem abertamente psicóticos. Artigos • Ágora (Rio J.) 17 (2) • Dez 2014.
ROSENBERG, Mauro Hegenberg. Borderline: Clínica Psicanalítica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
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