No mundo da saúde mental, é comum encontrar certa confusão quanto aos papéis desempenhados pelo psicólogo e pelo psicanalista. Embora ambos estejam dedicados a saúde mental, suas abordagens e especializações podem divergir significativamente. Por esse motivo, se faz necessário compreender as diferenças entre psicólogo e psicanalista, pois as divergências entre eles podem não ser imediatamente claras.
A psicanálise e a psicoterapia, apesar de compartilharem semelhanças, possuem diferenças entre psicólogo e psicanalista com características distintas e métodos de abordagem próprios.
Ao explorar as diferenças entre psicólogos e psicanalistas, é importante reconhecer que nem todos os psicólogos estão preparados para discutir a psicanálise, assim como nem todos os psicanalistas têm a psicologia como ponto de partida.
Quais as diferenças entre psicólogo e psicanalista?
A Psicologia e a Psicanálise são frequentemente percebidas como disciplinas afins, até mesmo idênticas, por aqueles que não estão familiarizados com as diferenças entre psicólogo e psicanalista e estudos sobre o psiquismo.
No entanto, é crucial delimitar algumas nuances para aproveitar adequadamente as possibilidades de cada uma. Embora alguns considerem tudo como uma coisa só, parto do princípio de que não o são e apresentarei os motivos.
Para começar, tanto a Psicologia quanto a Psicanálise não podem ser tratadas como entidades únicas. Na verdade, há uma diversidade significativa dentro de cada uma delas. Na Psicologia, encontramos diversas abordagens e também diferentes áreas de atuação em campo. Esta abordagem se diferencia significativamente da Psicanálise.
Por outro lado, dentro da Psicanálise, também encontramos uma variedade de perspectivas e abordagens. Algumas correntes psicológicas utilizam conceitos da Psicanálise em suas propostas de compreensão do psiquismo, como o psicodrama e a gestalt, por exemplo.
Em resumo, embora haja sobreposições e influências mútuas entre a Psicologia e a Psicanálise, é importante reconhecer suas distinções e entender como cada uma pode contribuir de maneira única para a compreensão e tratamento do psiquismo.
Vou apresentar cinco pontos que destacam as diferenças entre Psicólogos e Psicanalistas, explorando as distinções no campo clínico:
Paciente:
Entre as diferenças entre psicólogo e psicanalista, na psicologia, cada abordagem – seja a Gestalt Terapia, a Análise do Comportamento ou a Psicologia Humanista – ilumina um aspecto único da experiência humana.
Essa diversidade de perspectivas dá origem a uma rica tapeçaria de teorias, conceitos e técnicas de intervenção.
A Psicanálise não é exceção a essa regra. Embora seja sustentada por uma variedade de autores, todos compartilham um núcleo comum: a prática da escuta atenta e cuidadosa. O foco aqui é no sujeito do inconsciente, do desejo e da linguagem.
Em resumo, tanto na psicologia quanto na psicanálise, o objetivo é aprofundar a compreensão do paciente. No entanto, cada uma dessas disciplinas olha para o indivíduo através de suas próprias lentes teóricas e práticas distintas.
Causa:
Em resumo, para abordar as diferenças entre psicólogo e psicanalista, é necessário levar em conta que cada abordagem psicológica trabalha de uma maneira única. A Psicologia se concentra nas raízes de uma condição patológica como gatilhos imediatos dos sintomas.
Mesmo quando adotamos uma abordagem “multifatorial”, levando em consideração o ambiente, a personalidade e até mesmo a genética, todos esses elementos são vistos como influenciadores dos sintomas.
Isso leva a pesquisar os fatores de risco específicos para diferentes condições, bem como a entender a importância de elementos determinantes no desenvolvimento de uma psicopatologia. A partir daí, é proposto prevenções eliminando esses fatores de risco.
Por outro lado, a Psicanálise coloca o sujeito como ponto central e considera a construção do próprio psiquismo como uma estratégia intrínseca do indivíduo.
Nessa perspectiva, o sintoma em si é menos relevante do que o significado subjacente que ele carrega. O foco está no trabalho interno do sujeito, que é fundamental para a compreensão.
A causa é encontrada no próprio sujeito e na interação complexa que ele mantém com vários fatores, incluindo toda a sua história de vida.
Portanto, cada paciente é único, pois cada história ou diagnóstico, apesar de ter elementos semelhantes, traz consigo a história de uma pessoa única que requer atendimento e tratamento exclusivo de acordo com suas especificidades
Diagnóstico:
Entre as diferenças entre psicólogo e psicanalista, é importante ressaltar que no universo da Psicologia, os sintomas são fundamentais para a determinação de um quadro clínico.
Para isso, a Psicologia frequentemente se apoia em classificações psiquiátricas, como o DSM V da Associação Psiquiátrica Americana e a CID 11 da Organização Mundial da Saúde.
Essas classificações detalham minuciosamente os sintomas, facilitando a comunicação entre profissionais ao fornecer um referencial comum, apesar de serem a-teóricas e descritivas.
Ao abordar o diagnóstico na psicanálise, somos levados a questionar a relação entre o inconsciente e a realidade. A psicanálise propõe que toda interação do sujeito com o mundo é filtrada por sua realidade psíquica.
Nesse contexto, o diagnóstico é visto menos como uma descrição objetiva e mais como uma operação interpretativa realizada pelo analista.
A identificação da estrutura do paciente influencia diretamente o curso do tratamento em diversos níveis e, em outras palavras, tais estruturas não podem servir de categorizações.
Esse tipo de diagnóstico permite ao analista manter o foco na busca por uma verdade individual e no surgimento de uma narrativa única. Sob essa perspectiva, as categorias diagnósticas tradicionais da psiquiatria perdem parte de sua relevância.
A ética:
Na psicologia, que tem visão médica tradicional coloca o paciente como um enigma a ser desvendado, um conjunto de sintomas a serem eliminados. O objetivo? Adaptá-lo à sociedade, livrando-o de sofrimento e angústia.
Essa lógica, enraizada na ética do bem-estar, define o que é “normal” e “anormal”, estabelecendo uma moralidade rígida que nem sempre se encaixa na complexa realidade humana.
A Psicanálise, por outro lado, desafia essa visão reducionista, os sintomas são carregados de significados que frequentemente escapam às interpretações superficiais, a ética não se concentra no bem-estar de acordo com normas sociais ou morais consensuais.
Dentre os benefícios da psicanálise, a ética está direcionada para o desejo inconsciente do sujeito, considerando seu bem-estar dentro de seus próprios limites, circunstâncias e possibilidades. Às vezes, alcançar o bem-estar do sujeito requer romper com as normas sociais estabelecidas ou desenvolver estratégias para lidar com elas.
O papel do Clínico:
Observamos também diferenças entre psicólogo e psicanalista no que diz respeito ao seu papel clínico. Cada psicólogo, guiado por sua própria abordagem teórica e fundamentado nela, desempenhará um papel único no processo do paciente, desde a identificação das causas do adoecimento até a seleção da técnica terapêutica. Esta técnica, por sua vez, é moldada pelos princípios teóricos aos quais o psicólogo adere.
Da mesma forma, cada psicanalista, embasado no pensamento que sustenta sua técnica, além de receber supervisão clínica e passar por sua própria análise pessoal, oferecerá uma escuta atenta e ética, centrada no desejo do sujeito.
Pontos em comum entre um Psicólogo e um Psicanalista
Embora distintos em suas abordagens, psicólogo e psicanalista compartilham um compromisso fundamental com a saúde mental. Em suas práticas, ambos se guiam por princípios éticos que visam:
- Respeito: Reconhecer a individualidade e a autonomia do paciente, acolhendo-o com empatia e sem julgamentos.
- Dignidade: Valorizar a singularidade de cada história e oferecer um espaço seguro para a expressão de pensamentos, sentimentos e experiências.
- Responsabilidade: Manter um compromisso profissional ético e sigiloso, zelando pelo bem-estar do paciente e pela qualidade do atendimento.
- Aprimoramento profissional: Buscar constante atualização científica e aprimoramento de suas habilidades, garantindo um atendimento de excelência.
- Universalização do acesso: Contribuir para a democratização da saúde mental, promovendo o acesso da população às informações e ao conhecimento científico.
Diferenças entre Psicólogo e Psicanalista na sua formação
Psicólogo: Possui formação em psicologia, com foco em diferentes áreas como clínica, social, organizacional, esporte, hospitalar entre outras.
Dependendo da área em que o psicólogo pretende atuar, ele pode optar por realizar uma pós-graduação especializada em sua abordagem, ou então buscar a realização de mestrado e doutorado.
Psicanalista: Em sua maioria, possui formação em psicologia, medicina ou outra graduação, complementada por uma formação em psicanálise acompanhada de análise pessoal e supervisão clinica.
Além de sua formação em psicanálise, o psicanalista também pode optar por realizar outras especializações, seguindo seus critérios, e buscar a obtenção de mestrado e doutorado.
Perguntas frequentes sobre as diferenças entre psicólogo e psicanalista
O que é melhor terapia ou psicanálise?
A escolha entre terapia e psicanálise é individual. Ambas oferecem benefícios, mas a psicanálise vai além do autoconhecimento, tratando efetivamente transtornos psicológicos. Por isso, essa escolha é baseada em preferências pessoais.
Para quem é indicada a psicanálise?
A psicanálise é indicada para uma variedade de situações, incluindo desconforto, ansiedade, depressão, fobias, ataques de pânico, TDAH, autismo, burnout, estresse, insônia, compulsões, transtornos alimentares, dependência química, bipolaridade, narcisismo e outros transtornos psicológicos.
Qual o melhor tipo de terapia para quem tem ansiedade?
A psicanálise é eficaz no tratamento da ansiedade, pois aborda tanto os sintomas quanto as causas subjacentes, proporcionando uma compreensão mais profunda e duradoura do problema.
É normal chorar na terapia?
Sim, é absolutamente normal chorar durante a terapia. Chorar pode ser uma expressão natural de emoções profundas e é encorajado como parte do processo terapêutico para liberar sentimentos reprimidos
Quanto tempo a terapia começa a fazer efeito?
O tempo para que a terapia comece a fazer efeito varia de acordo com a pessoa e sua situação. Alguns podem sentir benefícios logo nas primeiras sessões, enquanto outros podem levar mais tempo. A consistência e a relação terapêutica são fundamentais para o progresso
Como saber se preciso de psicólogo ou psicanalista?
A resposta para essa questão é altamente subjetiva e dependerá das suas preferências individuais. É importante ressaltar que a psicanálise não se limita apenas ao autoconhecimento; ao contrário, oferece tratamentos eficazes para uma ampla gama de transtornos psicológicos, que incluem, mas não se limitam a, ansiedade, TDAH, depressão, síndrome do pânico, fobias e muitos outros.
Portanto, se você já entendeu as diferenças entre psicólogo e psicanalista e agora quer começar o seu tratamento psicológico eficaz que explora as raízes profundas dos seus problemas emocionais e psicológicos, é a hora de procurar um psicanalista.
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Referências :ZIMERMAN, David E. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Ol, Roberta Ecleide. Gomes, Kelly. Parece, mas não é! Algumas diferenças entre a Psicologia e a Psicanálise. Distúrbios da Comunicação, 16(3), 403-407.(2004)
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