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Estupro Marital: o que é, como identificar e como obter ajuda

O objetivo deste artigo, escrito por nossa psicóloga, é abordar o conceito de estupro marital, uma forma de violência muitas vezes silenciada e negligenciada. Pretendemos não apenas esclarecer o que caracteriza essa violência, mas também fornecer ferramentas para sua identificação, discutir suas consequências psicológicas profundas e apontar caminhos para a obtenção de ajuda.

Este estudo busca demonstrar como o estupro marital é, acima de tudo, uma das formas mais difundidas e insidiosas de violência contra a mulher, perpetuando um ciclo de abuso e submissão que precisa ser urgentemente rompido.

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O que é estupro marital?

Estupro marital ou abuso sexual conjugal é quando o homem força a mulher, parceira ou esposa a ter relações sexuais contra a vontade, usando violência ou ameaças graves.

Esse tipo de violência sexual ou abuso sexual por parceiro, acontece dentro do casamento ou relacionamento sério.

De acordo com a Agência Câmara de Notícias, no Brasil, 33,4% das mulheres com 16 anos ou mais já sofreram violência sexual estupro marital por parte de um parceiro. Isso mostra que muitas mulheres passam por essa violência terrível.

O estupro marital é um problema sério porque o agressor é o parceiro, o marido, o homem que deveria amar e proteger. A violência sexual ocorre no ambiente familiar, que deveria ser um lugar seguro.

Muitas mulheres são forçadas a acreditar que precisam cumprir os “deveres conjugais”, o que as mantém em uma posição de submissão e sofrimento.

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O que é estupro marital de vulnerável?

O estupro marital de vulnerável é uma forma particularmente grave de violência sexual que ocorre quando o agressor, que é o parceiro ou marido, abusa sexualmente de uma pessoa em situação de vulnerabilidade.

Essa vulnerabilidade pode ser devido a diversos fatores, como idade, menores e 14 anos, doença, deficiência física ou mental, estar sob efeito de substâncias, estar dormindo, ou quando o agressor induz a vítima a tomar medicações ou substâncias para deixá-la desacordada.

Essas condições impedem a vítima de oferecer resistência ou compreender o ato sexual.

Exemplos de estupro marital de vulnerável:

Idade avançada ou doença debilitante: Imagine uma mulher idosa que está casada há muitos anos. Ela desenvolve uma doença grave que a deixa fisicamente fraca e dependente dos cuidados de seu marido. Em vez de protegê-la e cuidar dela, seu marido aproveita sua condição de fraqueza para forçá-la a ter relações sexuais, sabendo que ela não tem força para resistir.

Limitação física ou transtorno mental: Considere um casal onde a esposa tem uma limitação física ou está sofrendo com algum transtorno mental que a impede de compreender totalmente as ações de seu marido. Ele utiliza essa deficiência para coagi-la a participar de atos sexuais contra sua vontade, explorando sua incapacidade de consentir ou recusar conscientemente.

Uso de substâncias que induzem vulnerabilidade: Imagine uma mulher que foi medicada após uma cirurgia e está sob o efeito de sedativos fortes. Seu marido aproveita seu estado de semi-consciência para abusar sexualmente dela, sabendo que ela não pode oferecer resistência ou lembrar claramente do ocorrido.

Gravidez de alto risco: Pense em uma mulher grávida que está enfrentando uma gravidez de alto risco, com ordens médicas estritas de evitar relações sexuais para proteger a saúde dela e do bebê. Apesar disso, seu marido insiste em ter relações sexuais, ignorando os riscos e sua vulnerabilidade física.

Quando a mulher está dormindo: Imagine uma mulher que está dormindo profundamente após um longo dia de trabalho. Seu marido aproveita esse momento de vulnerabilidade, onde ela está inconsciente e incapaz de consentir ou resistir, para abusar sexualmente dela.

Indução de medicações ou substâncias para desacordar a vítima: Pense em um homem que coloca um sedativo na bebida de sua esposa sem que ela saiba, com a intenção de deixá-la desacordada. Quando ela perde a consciência, ele a estupra, aproveitando-se do fato de que ela não pode resistir ou consentir.

Uso de álcool ou drogas: Considere uma situação onde o marido encoraja ou força sua esposa a consumir grandes quantidades de álcool ou drogas. Quando ela está incapacitada e não consegue dar consentimento consciente, ele a estupra.

Esses exemplos ilustram situações em que a vulnerabilidade da vítima é explorada de maneira cruel e desumana pelo parceiro, que deveria ser um protetor e cuidador.

O estupro marital de vulnerável não só viola a integridade física e psicológica da vítima, mas também representa uma traição profunda da confiança e dos votos conjugais.

A conscientização sobre essa forma de abuso é crucial para identificar e proteger as vítimas, além de assegurar que os agressores sejam responsabilizados por seus atos.

É fundamental que a sociedade entenda que nenhuma condição de vulnerabilidade justifica a violência sexual e que todas as vítimas merecem apoio e justiça.

Leia também: Feridas Emocionais da Infância: Identificação, Causas e Caminhos para a Cura

Como identificar se estou sofrendo um estupro marital?

Identificar se você está sofrendo um estupro marital pode ser difícil, especialmente devido à complexidade dos relacionamentos íntimos e à percepção de obrigação sexual dentro do casamento.

Aqui estão alguns pontos importantes que podem ajudar a entender melhor essa situação:

  • Ausência de consentimento: A característica principal do estupro marital é a falta de consentimento. Se você não deu consentimento para a atividade sexual e foi forçada a participar, isso é estupro.
  • Consentimento contínuo: O consentimento deve ser contínuo e revogável a qualquer momento. Mesmo que você tenha consentido inicialmente, você tem o direito de parar a qualquer momento, e seu parceiro deve respeitar isso.
  • Coerção emocional: Se você se sente emocionalmente pressionada a ter relações sexuais para evitar conflitos, evitar a raiva do parceiro ou para manter a paz no relacionamento, isso pode ser um sinal de estupro marital.
  • Ameaças e manipulação: Se seu parceiro faz ameaças, manipula emocionalmente ou usa qualquer forma de coerção para conseguir sexo, isso também é um indicador de abuso.
  • Atos sexuais sem consentimento explícito: Se você está dormindo e acorda com o homem tentando ou tendo atos sexuais com você, isso é considerado estupro marital, pois não há consentimento explícito ou consciente.
  • Indução enganosa ou forçada de substâncias: Se ele induz de forma enganosa ou forçada você a tomar algum medicamento ou substância para você apagar, isso também constitui estupro marital.
  • Força física: Qualquer uso de força física para ter relações sexuais é um claro sinal de estupro marital.
  • Restrição e violência: Se você é fisicamente restringido, segurado ou agredido para forçar a atividade sexual, isso é estupro.
  • Ignorar a sua vontade: Se seu parceiro ignora seus desejos, sentimentos e limites sobre a atividade sexual, isso é um problema sério.
  • Desrespeito constante: Se o desrespeito aos seus limites sexuais é um padrão contínuo, isso pode indicar abuso sexual.
  • Sentimentos de culpa e vergonha: Se você se sente culpado, envergonhado ou violado após a atividade sexual, esses são sinais importantes a serem considerados.
  • Medo do parceiro: Sentir medo do seu parceiro, especialmente em relação à atividade sexual, é um forte indicador de que algo está errado.
  • Dificuldade em comunicar: Se você sente que não pode falar abertamente com seu parceiro sobre seus sentimentos e limites sexuais, isso é um sinal de um relacionamento disfuncional.
  • Negação do problema: Se seu parceiro nega ou minimiza suas preocupações sobre consentimento e limites sexuais, isso também é um sinal de um problema maior.

Procure Ajuda

Converse com um profissional: Se você está incerto sobre sua situação, conversar com um psicólogo ou um conselheiro pode ajudar a esclarecer seus sentimentos e a situação.

Apoio jurídico: Conheça seus direitos legais. Estupro marital é crime e existem recursos legais para proteger você.

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Quais são as diferenças entre estupro marital e sexo forçado?

O estupro marital e o sexo forçado são conceitos distintos que envolvem dinâmicas complexas de consentimento e violência sexual.

O estupro marital ocorre quando um cônjuge força o outro a ter relações sexuais sem consentimento. Nesse contexto, a violência sexual ocorre dentro do casamento, onde há uma suposição cultural de que o consentimento para o sexo é implícito ou permanente.

Isso significa que mesmo dentro de um relacionamento matrimonial, é possível haver violência sexual, pois o consentimento não é dado livremente ou é negado explicitamente por um dos parceiros.

Por outro lado, o sexo forçado refere-se a uma situação em que uma pessoa pode consentir inicialmente para o sexo, mas muda de ideia ou retira o consentimento durante o ato sexual.

Se o parceiro continua o ato sexual apesar da retirada do consentimento, isso pode ser considerado sexo forçado, pois a pessoa não está mais consentindo com a atividade sexual, mas é forçada a continuar contra sua vontade.

As diferenças fundamentais entre esses dois conceitos residem na presença inicial ou ausência de consentimento.

No estupro marital, o consentimento pode não existir desde o início ou pode ser retirado a qualquer momento, enquanto no sexo forçado, há uma mudança no consentimento durante o ato sexual, e a violência ocorre quando o parceiro ignora ou desconsidera essa mudança.

Ambos os casos refletem o sistema de dominação vivenciado por mulheres, onde as normas sociais e de gênero muitas vezes minimizam ou justificam a violência sexual.

Essas experiências destacam diferentes tipos de violência vividas por elas, desde a coação dentro do casamento até situações onde o consentimento inicial é desconsiderado.

Leia também: Ciúme Obsessivo: Sintomas, Causas e Tratamento com Psicanálise

Como o estupro marital afeta a saúde mental da vítima?

O estupro marital não apenas viola o corpo da vítima, mas também afeta profundamente sua saúde mental, bem-estar emocional, e pode ter repercussões amplas dentro da dinâmica familiar.

Trauma Psicológico Profundo: O estupro marital pode causar um trauma significativo, semelhante ao experimentado em casos de agressão sexual fora do casamento. A vítima pode desenvolver sintomas de estresse pós-traumático (PTSD), como flashbacks, pesadelos e hipervigilância.

Sentimentos de Culpa e Vergonha: Muitas vítimas de estupro marital enfrentam intensos sentimentos de culpa e vergonha. Elas podem internalizar a culpa pelo ocorrido, mesmo quando não têm responsabilidade pelo comportamento do parceiro.

Dificuldades no Relacionamento: O trauma do estupro marital pode afetar negativamente a capacidade da vítima de confiar em futuros parceiros íntimos. Isso pode levar a problemas de intimidade, comunicação e dificuldades em estabelecer vínculos emocionais saudáveis.

Depressão e Ansiedade: É comum que as vítimas desenvolvam depressão, ansiedade ou ambos como resultado do estresse crônico e da violação da sua autonomia e dignidade. Sentimentos de desamparo e desesperança podem ser persistentes.

Baixa Autoestima e Autoimagem Negativa: O estupro marital pode corroer a autoestima da vítima, levando-a a sentir-se desvalorizada e indesejável. Isso pode impactar profundamente sua visão de si mesma e sua capacidade de se ver como merecedora de respeito e amor.

Isolamento Social: Muitas vítimas se isolam socialmente de amigos e familiares, com medo de revelar o que estão passando ou por vergonha das circunstâncias do abuso. Isso pode agravar ainda mais os problemas de saúde mental ao reduzir o apoio social e emocional disponível.

Distúrbios do Sono e Problemas de Saúde Física: O estresse crônico associado ao estupro marital pode levar a distúrbios do sono, dores físicas persistentes e até problemas de saúde física mais graves, devido ao impacto contínuo no sistema nervoso e imunológico.

Ciclo de Abuso e Sentimentos de Desamparo: Em muitos casos, o estupro marital está associado a um ciclo de abuso emocional e físico mais amplo dentro do relacionamento. Isso pode fazer com que a vítima se sinta presa e incapaz de buscar ajuda ou mudar sua situação.

Impacto nas Crianças e na Família: O estupro marital pode ter repercussões devastadoras para as crianças que testemunham ou são indiretamente afetadas por esse tipo de abuso dentro da família. Isso pode criar um ambiente doméstico disfuncional e impactar negativamente o desenvolvimento emocional e psicológico dos filhos.

Barreiras à Busca de Ajuda: Muitas vítimas enfrentam barreiras significativas ao buscar ajuda, incluindo o medo de retaliação do parceiro, preocupações com a falta de apoio da comunidade e dos seus familiares ou até mesmo desconhecimento sobre recursos disponíveis para ajudar na recuperação.

Leia também: Como Esquecer uma Pessoa: Estratégias Psicológicas para Superar Relações Passadas

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Perguntas frequentes sobre estupro marital

Qual o significado de violência marital?

Violência marital refere-se a qualquer forma de abuso físico, emocional ou sexual entre cônjuges ou parceiros íntimos. Inclui comportamentos como agressão física, controle coercitivo, manipulação emocional e coerção sexual. Essa violência é grave e pode ter impactos devastadores na saúde e bem-estar das vítimas.

O que fazer se alguém suspeita que está sofrendo ou presenciando estupro marital?

Se você suspeita ou presencia alguém sofrendo estupro marital, é crucial agir com cuidado e proteger-se. Em casos de perigo iminente para você ou seus filhos, procure ajuda imediata na delegacia de defesa da mulher ou ligue para emergência no número 190. A Central de Atendimento à Mulher – 180 oferece suporte especializado, incluindo escuta qualificada, informações sobre direitos e encaminhamento para serviços adequados como Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referência e Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam).

Quais são os efeitos do estupro marital na autoestima da vítima?

O estupro marital pode devastar a autoestima da vítima, causando sentimentos de desvalorização, culpa e vergonha intensos. Isso pode levar a uma percepção distorcida de si mesma, dificuldades em confiar em outros e problemas emocionais como ansiedade e depressão.

O estupro marital pode afetar os filhos envolvidos na família?

O estupro marital pode afetar profundamente os filhos na família, causando trauma emocional, ansiedade e dificuldades de relacionamento. Eles podem sentir medo, confusão e insegurança ao testemunhar ou perceber a violência entre os pais, impactando negativamente seu desenvolvimento psicológico e emocional.

Devo manter o meu casamento após reconhecer que sofri estupro marital?

Após reconhecer o estupro marital, é crucial refletir sobre por que deseja manter um casamento com alguém que deveria proporcionar proteção, mas que cometeu uma grave violência contra você. O acompanhamento psicológico é essencial para entender suas motivações e tomar decisões que promovam sua segurança emocional. Investir em seu próprio bem-estar ajuda a reconstruir o amor-próprio e a sair dessa situação de violência, buscando um caminho de cura e empoderamento pessoal.

Leia também: Dependência emocional Como Identificar

Como uma vítima de estupro marital pode buscar ajuda?

Após reconhecer que sofreu estupro marital, é crucial agir com cautela e planejamento. Primeiramente, priorize sua segurança desenvolvendo um plano que inclua encontrar um local seguro, como a casa de amigos ou familiares, e ter um plano de fuga em caso de emergência, sem compartilhar esses planos com o agressor.

Mantenha um kit de emergência com documentos importantes, dinheiro e roupas à mão. Quando você se sentir segura ou quando você conseguir ter forças, procure uma delegacia da defesa da mulher para denunciar o estupro e pedir uma medida protetiva contra o agressor.

Buscar apoio emocional e prático é fundamental. Isso envolve iniciar terapia para processar o trauma e explorar suas opções. Cada passo deve ser adaptado à sua situação específica para garantir segurança e recuperação.

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Psicóloga Lorena SáPsicóloga

Lorena Sá, psicóloga clínica e fundadora do site tríplicepsicanalitico.com, destaca-se por sua atuação na área da psicologia, oferecendo informações e suporte por meio de seu trabalho clínico e plataforma online.

Referências:

Agência Câmara de Notícias

Borges, Rosa Maria Zaia e Santana, Jackeline Caixeta. Imposição Colonial e Estupro Conjugal: uma leitura da dinâmica do poder no contexto familiar. Rev. Direito e Práx. 13 (1) • Jan-Mar 2022.

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